Ceadi promove webinar internacional sobre transformação digital e sustentabilidade

22/01/2025

Tecnologia

O evento contou com a participação de especialistas internacionais que debateram como as tecnologias digitais

Fonte: Reprodução / Anatel

O Centro de Altos Estudos em Comunicações Digitais e Inovações Tecnológicas (Ceadi) da Anatel realizou, na última terça-feira, 21 de janeiro, workshop virtual focado na transformação digital e sustentabilidade: Brave New World: How Digital Transformation Can Improve Green Digital Actions? (Admirável Mundo Novo: Como a Transformação Digital Pode Melhorar as Ações Digitais Verdes?). 


O webinar internacional reuniu especialistas de instituições renomadas, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Banco Mundial, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) , Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Ministério de Relações Exteriores (MRE), para explorar como tecnologias emergentes, como inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT) e conectividade avançada, podem ser aplicadas para promover ações climáticas eficazes, melhorar a eficiência energética e incentivar a sustentabilidade em um mundo digital cada vez mais conectado. 


O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, abriu o evento destacando a importância da sinergia entre regulamentação, políticas públicas e inovações tecnológicas para enfrentar os desafios climáticos e alcançar os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, estabelecida pela ONU. “Os princípios da Agenda 2030 são o norte de nossa visão e orientam como devemos pautar nossas ações em prol de um mundo mais sustentável, ético e socialmente justo”, afirmou Baigorri. 


Baigorri, ressaltou que, nas decisões tomadas pela Anatel, sempre é considerado a quais objetivos do desenvolvimento sustentável elas contribuem. “É assim que fortalecemos esse pacto global por um futuro melhor, construindo, tijolo por tijolo, um novo mundo”, concluiu o presidente. 


A superintendente de Fiscalização e integrante do Conselho Superior do Ceadi, Gesilea Teles, moderadora do evento, destacou a importância da transformação digital no enfrentamento dos desafios climáticos e na promoção de um futuro sustentável. 


“A transformação digital, impulsionada por avanços em conectividade e inteligência artificial, tem o poder de revolucionar nossa abordagem às mudanças climáticas e de criar oportunidades para um mundo mais ético e sustentável. Porém, para que esse potencial seja plenamente realizado, são indispensáveis estratégias eficazes, políticas adequadas e um compromisso ético, especialmente em economias emergentes”, afirmou a superintendente. 


Ela também enfatizou o papel do Brasil como anfitrião da COP 30, prevista para ocorrer em novembro de 2025, na cidade de Belém, no Pará, destacando a importância da digitalização para fortalecer a educação e as políticas ambientais. “Investimentos significativos em conectividade, como os feitos no Brasil, estão abrindo caminhos para práticas mais sustentáveis”, completou. 


Admirável Mundo Novo   


O evento teve como proposta refletir sobre como as inovações tecnológicas podem ser usadas para transformar desafios ambientais em oportunidades, alinhando progresso tecnológico e ações sustentáveis. Com uma programação que incluiu debates sobre políticas públicas, governança digital e inovação tecnológica, o evento buscou discutir formas de construir um futuro mais verde e justo, em que a tecnologia não seja apenas um instrumento de controle, mas uma ferramenta para o bem-estar coletivo e para o cuidado com o meio ambiente. 


Em um mundo onde as tecnologias digitais têm o potencial de mudar as estruturas sociais e ambientais de maneira profunda, é crucial que os desafios, como os apresentados na obra “Admirável Mundo Novo” (Aldous Huxley,1932) sejam enfrentados com responsabilidade e com uma visão que favoreça não só o progresso, mas também a inclusão e o equilíbrio ambiental. 


O workshop seguiu com apresentações que exploraram as interseções entre transformação digital e sustentabilidade. O vice-presidente de Transformação Digital do Banco Mundial, Sangbu Kim, iniciou as discussões sobre exemplos de financiamento de implementação de tecnologias digitais em economias emergentes para ações climáticas. 


Durante o evento, Kim destacou a importância dos projetos de transformação digital como instrumentos para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e promover práticas sustentáveis. Segundo ele, avanços na conectividade e na inteligência artificial estão sendo integrados a estratégias de resiliência climática, com foco na construção de infraestruturas digitais sustentáveis e no fortalecimento de políticas ambientais. 


“Estamos trabalhando para garantir que os investimentos em infraestrutura digital não apenas fechem a lacuna digital para os 2,6 bilhões de pessoas ainda desconectadas, mas também sejam resilientes às mudanças climáticas, mitigando riscos como enchentes e ondas de calor, que têm impacto significativo em serviços essenciais e conectividade”, afirmou Kim. 


Entre os exemplos citados, ele destacou iniciativas no Quênia, onde sistemas digitais ajudam a prever e responder a desastres naturais, e projetos em Moçambique e Madagascar, que utilizam soluções solares fora da rede para alimentar infraestrutura digital em áreas remotas. No Brasil, ele mencionou colaborações com estados como Espírito Santo e Sergipe na construção de data centers verdes certificados.


Na sequência, Tomas Lamanauskas, Secretário-Geral Adjunto da União Internacional de Telecomunicações (UIT), apresentou o “Infraestruturas de conectividade para eficiência energética e desenvolvimento sustentável”. 


Tomas Lamanauskas discutiu estratégias para promover a inclusão digital e a sustentabilidade no setor de telecomunicações durante uma reunião internacional. Ele destacou a necessidade de colaboração entre indústrias e organizações globais para enfrentar desafios climáticos, priorizando tecnologias verdes e computação sustentável. 


Na apresentação “Desafios e oportunidades para a COP30 no Brasil: Como a agenda digital pode contribuir para o debate ambiental?”, o Ministro e Diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Propriedade Intelectual do Ministério das Relações Exteriores, Eugênio Vargas Garcia, destacou a relevância de integrar a sustentabilidade com a transformação digital como foco das discussões em fóruns internacionais e eventos futuros, como a COP30 em Belém. Ele abordou a necessidade de alavancar a digitalização para promover um desenvolvimento mais sustentável e equilibrado, ressaltando a interconexão entre a biosfera e a tecnosfera. 


Alexia Gonzalez, chefe da Unidade de Serviços e Infraestruturas de Conectividade da OCDE, abordou os esforços relacionados à transição digital e verde, destacando iniciativas para melhorar a conectividade e reduzir impactos ambientais. Alexia mencionou a relevância da colaboração internacional, enfatizando a necessidade de padrões harmonizados e o papel do setor privado no avanço das estratégias digitais e sustentáveis. Foram apresentados exemplos de países que adotaram abordagens inovadoras para gerenciar espectros e investir em tecnologias que equilibram eficiência energética e desempenho de redes. 


Na apresentação de Tawfik Jelassi, Diretor-Geral Adjunto de Comunicação e Informação da Unesco, foram tratados temas como transformação digital, uso de modelos de linguagem generativa e o impacto das tecnologias emergentes. Jelassi destacou a importância da colaboração internacional, com ênfase na necessidade de garantir um acesso digital equitativo e sustentável, especialmente em áreas como a África. Além disso, mencionou iniciativas globais que promovem a integridade da informação e a colaboração entre o setor privado, governos e organizações internacionais, visando soluções para a crise climática.  


Inovação digital verde  


O Conselheiro da Anatel e presidente do Ceadi, Alexandre Freire, encerrou o evento com a conferência “Experimentalismo institucional e inovação digital verde. Freire destacou os avanços e desafios no setor de telecomunicações e sua relação com a transformação digital verde, ressaltando o trabalho contínuo do Ceadi como um think tank destinado a impulsionar a inovação no ecossistema digital e a regulação das telecomunicações.


Integrar a transformação digital à sustentabilidade é uma prioridade global, e a Anatel tem se destacado nesse cenário ao alinhar suas políticas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.


Freire destacou a relevância das parcerias com instituições como a Anatel, enfatizando que a transformação digital deve estar alinhada a uma agenda verde, orientada pela sustentabilidade, inovação e responsabilidade regulatória. Ele ressaltou que o setor de telecomunicações precisa ir além do cumprimento legal, adotando padrões éticos e assegurando a segurança das novas tecnologias. Nesse contexto, o sandbox regulatório se torna fundamental, impulsionando a inovação digital verde por meio de ambientes experimentais que oferecem maior flexibilidade regulatória. Essa abordagem promove soluções sustentáveis que conciliam avanços tecnológicos com preservação ambiental e inclusão social.


“A Anatel aprovou recentemente três projetos que exemplificam essa modernização regulatória e o incentivo à inovação. O primeiro visa ampliar a cobertura do Serviço Móvel Pessoal (SMP) em áreas sem sinal adequado. O segundo introduz a tecnologia Direct-to-Device (D2D), conectando celulares diretamente a satélites de baixa órbita. Já o terceiro autoriza temporariamente o uso do scanner de segurança corporal R&S® QPS201, operante em faixas de radiofrequência restritas, para fortalecer a segurança aeroportuária. Essas iniciativas equilibram inovação tecnológica, desburocratização e segurança”, ressaltou o presidente do Ceadi. 


As ações da Anatel demonstram seu compromisso com a inovação regulatória, promovendo a implementação de novas tecnologias e o desenvolvimento digital sustentável. No Brasil, iniciativas como a conectividade por satélites mostram como os sandboxes viabilizam projetos sustentáveis, reduzindo incertezas, atraindo investimentos e acelerando práticas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. 


Uma das questões centrais da apresentação foi a desigualdade social e digital no Brasil. Freire mencionou as disparidades no acesso à internet, dispositivos móveis, educação e habilidades digitais, enfatizando que esses desafios precisam ser abordados ao desenvolver modelos regulatórios experimentais adequados ao contexto brasileiro. Ele afirmou que as soluções para essas desigualdades já estão sendo trabalhadas por figuras-chave como o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e que é essencial que o modelo regulatório se adapte para promover a inclusão digital e social. 


Freire também fez questão de mencionar o trabalho do Conselheiro e vice-presidente do Ceadi, Vicente Aquino, que desempenhou um papel crucial na assistência às populações do Rio Grande do Sul durante as enchentes de 2023, priorizando a conectividade em escolas e facilitando a recuperação da infraestrutura digital. Além disso, Freire citou a importância do conceito de experimentalismo institucional, inspirado pelo professor Roberto Mangabeira Unger. Esse conceito, segundo Freire, sugere que a transformação do país exige ousadia e imaginação institucional.


A ousadia precisa de uma aliada que é a imaginação. Imaginando, refletindo e tendo coragem para implementar mudanças, podemos transformar grandes ideias em ações concretas, declarou Freire.


Por fim, Freire agradeceu a colaboração de vários parceiros e colaboradores, incluindo a Assessoria Internacional (AIN) e a Assessoria Parlamentar e de Comunicação Social (APC), a Superintendência de Fiscalização (SFI) da Anatel e outros integrantes importantes do Ceadi, que contribuíram para o sucesso do evento. Ele finalizou reforçando o compromisso do Ceadi em seguir promovendo transformações digitais que, além de impulsionar a sustentabilidade e inovação, atendam às necessidades da sociedade e impulsionem o crescimento econômico.O workshop está disponível na página da Anatel no YouTube com áudio em português e em inglês.

Fonte(s): Por Agência Brasil